A expansão das categorias psicopatológicas e o consumo de psicofármacos
Camilo Venturi

A partir da segunda metade do século XX, observa-se no campo da psicopatologia duas tendências crescentes paralelas: a expansão do número de categorias psicopatológicas e o aumento do consumo de agentes psicofarmacológicos. Este fenômeno é estudado por alguns pesquisadores do campo da sociologia da saúde e da antropologia médica como um processo de medicalização, em que acontecimentos outrora concebidos como mazelas da vida quotidiana são progressivamente incluídos no escopo do saber e das práticas médicas. O objetivo deste projeto de pesquisa é aprofundar reflexões sobre este fenômeno de medicalização, a partir de dois eixos: 1) histórico-conceitual; 2) sócio-antropológico. O primeiro eixo concerne um extenso levantamento bibliográfico relativo ao tema da medicalização aplicado ao campo da psicopatologia, com o objetivo de comparar visões distintas sobre este fenômeno. O segundo eixo prevê um trabalho de campo em algumas instituições da rede de saúde mental da cidade de Volta Redonda, com vistas a apreender como trabalhadores desta rede e usuários dos serviços ambulatoriais negociam a oferta e a demanda de diagnósticos médicos e a prescrição de agentes psicofarmacológicos para lidar com as mazelas da vida quotidiana.