A clínica psicanalítica e a fobia social
Fernanda Pacheco-Ferreira
Projeto financiado pelo Edital PRODOC/Capes
A pesquisa visa investigar o quadro de fobia social do ponto de vista da metapsicologia e clínica psicanalíticas. No âmbito da metapsicologia, o objetivo é o de apreender neste quadro a especificidade da angústia dentro do espectro mais amplo de outras formas de angústia descritas pela psicanálise. Para tanto, será necessário aprofundar o estudo das diferentes manifestações da angústia, desde a angústia como sinal – que preside ao recalque nos quadros da neurose -, passando pela assim chamada angústia antecipatória – apresentada pelos sujeitos diagnosticados como fóbicos sociais -, até as angústias repetitivas das situações traumáticas. Neste viés, caberá desenvolver a relação entre trauma, estados afetivos e a constituição narcísica.
A partir destes estudos, propomos examinar, no âmbito da clínica, a pertinência ou não de vincular a totalidade dos casos de fobia social a um tipo específico de angústia. A possibilidade que de início se apresenta é de que as expressões clínicas da timidez e da vergonha, que acompanham a angústia nas fobias sociais, encontram seu fundamento na constituição narcísica e, por conseguinte, nas experiências traumáticas precoces. Tomando em consideração estas experiências, passa a ser exigido do analista intervenções que atinjam áreas ainda mais precoces do que as visadas pelas interpretações do desejo sexual tal como ocorre na análise das neuroses.
Nessa medida, será de fundamental importância a referência a autores que trabalham a relação de objeto visto que privilegiaram essa dimensão da clínica; dentre eles cabe citar Sándor Ferenczi e seus herdeiros diretos e indiretos, tais como Balint e Winnicott.