Psicanálise e contemporaneidade: trauma, imagem e percepção
Regina Herzog

Muito se fala que a psicanálise teria privilegiado em seu modelo clínico-conceitual as psiconeuroses, apoiando-se basicamente em uma teoria da representação, deixando de lado o que diz respeito à uma dimensão do irrepresentável. A proposta deste projeto é de dar os primeiros passos para um aprofundamento desta dimensão, cabendo, de saída, indagar se esta nomeação é a mais apropriada, visto que falar de irrepresentável nos parece estar remetido, inexoravelmente, ao que é do registro do representacional. O mesmo problema se verifica quando usamos a expressão ‘não representação’. Ainda assim, tratando-se de uma nomenclatura utilizada pela maior parte dos autores que trabalham o tema, deixaremos esta discussão para outro momento; entretanto, isto não significa que esta nomenclatura não seja problematizada. Nosso interesse, visando dar subsídios para se repensar a metapsicologia freudiana, é debruçar sobre a questão do lugar e modo de funcionamento da percepção e da imagem no psiquismo, dando relevo não só ao funcionamento neurótico estrito senso, mas também, e principalmente, à questão do traumático nas modalidades de padecimento psíquico que caracterizam a psicopatologia contemporânea e que tem sido alvo de discussão na atualidade. Estas figuras remetem diretamente ao funcionamento do sistema perceptivo-consciência, registro que pretendemos analisar acompanhando no pensamento freudiano os textos que tratam deste tema tanto de forma explícita quanto implicitamente. Juntamente com isso, a contribuição de Ferenczi será de fundamental relevância para o propósito de nossa investigação.

Projeto de pesquisa realizado com bolsa de produtividade em pesquisa – CNPq (03/2015 a 02/2018)