O projeto intitulado Psicanálise e Saúde Mental: dispositivos clínicos para responder ao mal-estar contemporâneo busca atender a necessidade de uma articulação entre teoria e clínica – que constitui um dos objetivos principais de nossas atividades. O incentivo financeiro recebido da CAPES, no contexto do edital PRODOC, permitiu tanto uma produção teórica de peso quanto uma ampliação do grupo no âmbito acadêmico.O PRODOC tem como principal objetivo estimular o desenvolvimento, no âmbito dos programas de pós-graduação de instituições de ensino superior públicas, de projetos institucionais que contribuam para a complementação da formação de recém-doutores e a aquisição, por esses profissionais, de prática acadêmica junto a equipes docentes de programas de pós-graduação. Neste sentido, a bolsa de pós doutorado, fornecida pela mesma agência de fomento por ocasião da implementação do PRODOC, propiciou a inserção de uma pesquisadora que tem contribuído na consecução dos objetivos do projeto, além de participar das atividades de ensino e co-orientação do Programa de Pós-Graduação em Teoria Psicanalítica. Outro objetivo do PRODOC é o fortalecimento de grupos de pesquisa nos programas de pós-graduação, além da integração das atividades de ensino, de pesquisa e de extensão. Nestes termos, através do site na internet, o projeto “Psicanálise e Saúde mental: dispositivos clínicos para responder ao mal-estar contemporâneo” ganhou maior visibilidade e possibilidade de troca com outras linhas de pesquisa do Programa no qual se insere (Programa de Pós-graduação em Teoria Psicanalítica), além de ter facilitado a comunicação e divulgação de nossa investigação na comunidade científica em geral. Ademais, o site possibilita que qualquer um tome conhecimento do projeto e das possibilidades de atendimento clínico, sendo uma ferramenta importante de informação para a sociedade e, especialmente, para aqueles que se identificam com o perfil clínico estudado.
Abaixo apresentamos o projeto em sua íntegra (A), bem como o relatório de atividades durante o primeiro período de sua realização (B). O projeto apresentado pela bolsista do PRODOC encontra-se resumido no item projetos de pesquisa. Nestes termos, o presente site passou por uma reestruturação para atender ao projeto, publicando as produções oriundas da pesquisa e os resultados das atividades executadas pelos participantes do projeto.
A) Solicitação – Edital PRODOC/CAPES
IES: Universidade Federal do Rio de Janeiro
Programa de Pós-graduação: Teoria Psicanalítica
Título do Projeto: Psicanálise e Saúde Mental: dispositivos clínicos para responder ao mal-estar contemporâneo
Proponente: Regina Herzog
1) Justificativa
1.1) Importância do projeto para a Instituição:
O Programa de Pós-graduação em Teoria Psicanalítica, em seus 22 anos de existência, tem como proposta a formação acadêmica no âmbito do Mestrado e Doutorado, atuando também na formação de docentes de diversas IFES do país. Com relação à Graduação, o Programa se insere na formação através da recepção de alunos de Iniciação Científica e das disciplinas ministradas. Nos últimos anos, um número cada vez maior de doutores tem buscado o Programa para realizar suas pesquisas de pós-doutoramento. Em função dessa proposta, que abrange o ensino e a pesquisa no campo psicanalítico, o Programa de Pós-graduação em Teoria Psicanalítica desenvolve linhas de pesquisa que estabelecem um diálogo com outras áreas do saber, visando não só uma articulação teórica entre os saberes, como também a intervenção efetiva, com particular atenção para a área de cuidados à saúde. Neste sentido, consideramos prioritário o desenvolvimento de investigações que contemplem uma articulação tanto no âmbito teórico quanto clínico.
Três linhas de pesquisa dão suporte para as investigações desenvolvidas no Programa:
1. Fundamentos históricos e teóricos da Psicanálise – cuja finalidade é de situar o campo teórico da psicanálise em relação a outros campos do saber, levando em conta as condições de possibilidade de seu surgimento.
2. Psicanálise e Sociedade – em que se trabalha a questão do laço social, pensado desde a própria constituição do sujeito até sua relação com e no mundo.
3. Teoria da Clínica Psicanalítica – na qual se privilegia o campo conceitual da psicanálise, no que serve de base e garantia para as modalidades de intervenção no campo da clínica.
A presente proposta está alocada nesta última linha de pesquisa que surgiu da necessidade de estender os achados do campo conceitual a uma teorização da clínica psicanalítica, contemplando vários acordos e convênios do Programa com instituições de atendimento. Dada a diversidade de temas alocados nesta linha, tornou-se necessário efetuar uma reestruturação a partir de alguns eixos de investigação. Um dos eixos privilegiados é o de Saúde Mental, a ser inaugurado com este projeto. Dentre os projetos em curso dentro desta linha de pesquisa cabe citar: “A direção do tratamento na infância”; “A inclusão escolar de crianças autistas e psicóticas: estudo e acompanhamento de casos”; “Dispositivo clínico ampliado: criança e adolescente psicóticos em direção ao laço social”; ”Estruturação do sujeito e direção do tratamento: a máquina entre a linguagem e o corpo”; “Princípios da psicanálise no atendimento ao adolescente no laço social” ”As relações entre o perdão, a culpa e a vergonha”, ”O sentimento de vergonha e as depressões contemporâneas”.
Os dois últimos projetos citados fazem parte do Núcleo de Estudos em Psicanálise e Clinica da Contemporaneidade (NEPECC), criado em 2002 pelos professores pesquisadores Maria Teresa Pinheiro (IP/UFRJ) e Julio Verztman (IPUB/UFRJ) como resultado de um acordo entre duas instituições da UFRJ: o Programa de Pós-Graduação em Teoria Psicanalítica (PPGTP-IP-UFRJ) e o Instituto de Psiquiatria (IPUB-UFRJ). As pesquisas ali desenvolvidas se pretendem, portanto, interdisciplinares, propondo uma maior articulação entre a psicanálise e os dispositivos de assistência em saúde mental para a construção de novos elementos teóricos e, sobretudo, de novas ferramentas terapêuticas extraídas diretamente do contato com a prática clínica. Na qualidade de participante das pesquisas desde seu início, a proponente passou, em 2009, a coordenar, juntamente com os dois professores o conjunto das atividades do Núcleo. No esteio das questões levantadas pelas pesquisas em andamento no NEPECC, passamos a nos interessar, em 2005, pela problematização de questões envolvendo a sintomatologia apresentada por alguns pacientes que buscam assistência nos serviços de saúde mental. Dentre a gama de sintomas, chamou nossa atenção a categoria nosológica psiquiátrica de fobia social, categoria que enquadrava ansiedade, queixa de timidez, vergonha, dentre os sintomas mais pregnantes. Nosso intuito ao discutir o diagnóstico psiquiátrico de fobia social não foi desqualificá-lo ou assumi-lo fora de sua grade conceitual e sim explorá-lo de forma crítica, a partir do referencial teórico-clínico da psicanálise, levando em consideração seu lugar na cultura contemporânea. Acreditamos que empreender uma reflexão crítica de algumas das categorias diagnósticas da psiquiatria pode contribuir para uma compreensão mais ampla sobre os novos desafios da clínica psicanalítica nos dias de hoje.
Estas considerações iniciais têm como finalidade apresentar a importância do projeto para o Programa e sua relevância no que diz respeito à Saúde Mental. Dando-se no âmbito do IPUB/UFRJ, que apresenta uma demanda por atendimento aos pacientes com uma sintomatologia emblemática do mal-estar subjetivo na contemporaneidade, esta proposta vai consolidar o eixo inaugurado com a nova reestruturação da linha de pesquisa do Programa intitulada Teoria da Clínica Psicanalítica. A demanda por nossos serviços por parte da rede hospitalar vai permitir, com a contribuição do PRODOC, uma ampliação para outros serviços de rede hospitalar com que o Instituto de Psicologia iniciou um intercâmbio no âmbito da residência, tais como o Hospital Universitário (HU) e o Hospital São Francisco de Assis. Trata-se, fundamentalmente, de reafirmar o compromisso da Universidade com a comunidade que a sustenta. Neste sentido, o apoio do PRODOC neste projeto possibilitará, conforme será desenvolvido no próximo item, reorganizar esta linha de pesquisa, consolidando um dos seus eixos, o de Saúde Mental, com vistas a contribuir para atender às demandas deste campo.
Um dos mais importantes objetivos desta solicitação é investigar que recursos teórico-clínicos podem auxiliar na solução dos impasses e desafios que a sintomatologia clínica contemporânea coloca para o nosso trabalho. Nesta perspectiva, a concessão de uma bolsa de pós-doc propiciada pelo PRODOC vai permitir para complementar a formação de um pesquisador tanto no que concerne a prática acadêmica quanto no que diz respeito ao desenvolvimento de dispositivos que possam ser considerados tecnologias sociais.
Com relação ao ensino e pesquisa, a demanda nesta área específica é de tal monta que urge formar novos docentes e pesquisadores qualificados para colaborar na consolidação deste eixo da linha de pesquisa ‘Teoria da Clínica Psicanalítica’. Como não foi possível fazer acompanhar a reestruturação desta linha de pesquisa de um aumento correspondente do quadro de docentes, a inclusão de um doutor pesquisador que possa atuar nesta área trará o duplo benefício de possibilitar um aumento da produtividade do Programa conforme já ressaltada e, simultaneamente, permitir a articulação da fundamentação conceitual com a reflexão advinda da clínica, consolidando o perfil de nosso curso que se distingue como um espaço inovador de investigação sistemática e construção do conhecimento.
Além disso, cabe mencionar que esta consolidação é de capital importância na medida em que alimenta a pesquisa das demais linhas que compõem o nosso Programa ao mesmo tempo em que fornece subsídios e também recebe uma contribuição efetiva de outros projetos dentro da mesma linha. A título de ilustração, no caso do projeto “Princípios da psicanálise no atendimento ao adolescente no laço social” (da linha de pesquisa Teoria da Clínica Psicanalítica), a grande incidência de casos de fobia social na adolescência, acarretando dificuldades na relação com o outro, mantém com a presente proposta uma proximidade de problemática que permitirá estabelecer um intercâmbio entre ambos projetos.
Outros aspectos fundamentais para a Instituição que esta pesquisa traz, dizem respeito a:
1 – aumento de projetos e trabalhos de conclusão (monografia, dissertações e teses) neste novo eixo de investigação;
2 – incremento da produção intelectual que constituirá uma referência para o estudo deste tema;
3 – formação de pessoal docente e tecnicamente qualificado para a extensão, podendo, portanto, atuar como agentes multiplicadores no delineamento deste novo eixo de pesquisa;
4 – produção de fundamentação teórica dentro do referencial psicanalítico que possa lançar luz para a assistência dos casos em questão.
5 – possibilidade do Programa vir a aumentar o seu conceito na avaliação da Capes de 5 para 6.
1.2) Documento comprobatório da aprovação da proposta pelo Colegiado do Programa:
Em reunião do Colegiado do Programa de Pós-graduação em Teoria Psicanalítica realizada no dia 24 de maio de 2010, foi aprovada a proposta do projeto de pesquisa no campo da Psicanálise e Saúde Mental para a linha de pesquisa Teoria da Clínica Psicanalítica, inaugurando um novo eixo Saúde Mental como decorrência da reestruturação desta linha. A aprovação consta da Ata de Reunião do Colegiado e foi assinada pelos professores presentes à reunião. Na qualidade de Coordenadora eu, Angélica G. Bastos, ratifico esta decisão.
1.3) Justificativa teórica e relevância da proposta:
A discussão sobre a continuidade ou descontinuidade do sujeito contemporâneo em relação ao sujeito da modernidade, em torno do qual a psicanálise forjou suas principais teorias, está cada vez mais presente na literatura psicanalítica. Novos rearranjos da relação entre público e privado com a cultura do espetáculo, a imposição crescente do consumo de bens, a revolução digital, a permanente necessidade de estimular os órgãos dos sentidos, a mudança na relação entre os gêneros e entre as gerações, são alguns dos fatores que distinguem o mal-estar contemporâneo do da época de Freud. A queixa dos pacientes nos dias de hoje parece muito distante da sintomatologia histérica a partir da qual a psicanálise foi concebida. Além da melancolia e das patologias narcísicas, os modos de sofrimento psíquico característicos das formas de subjetivação contemporâneas se expressam prioritariamente nos quadros depressivos e em outras manifestações que apontam para uma falha na capacidade de simbolização. Dentre estas cabe destacar as somatizações, as toxicomanias, os distúrbios alimentares, os quadros de delinqüência e, o que nos interessa mais diretamente neste projeto, os transtornos de ansiedade.
As manifestações sintomáticas atuais apresentam um corpo poliqueixoso, mas com uma linguagem empobrecida, desprovida de recursos metafóricos, desafiando o dispositivo analítico clássico, calcado na associação livre. A queixa desses pacientes faz referência a um sofrimento aparentemente esvaziado de conteúdo. A psiquiatria propõe novas categorias diagnósticas para dar conta dessa dor sem lhe conferir uma causa psíquica, muitas vezes limitando-se a enquadrá-la em um grupo de sintomas e oferecer um tratamento farmacológico. Se os referenciais e valores externos na contemporaneidade se tornaram fugazes, frágeis e instáveis, a tendência é que os sujeitos se vejam lançados a uma estranha sensação de deriva. Apesar da extrema liberdade que essa condição aparenta proporcionar – e, muitas vezes, proporciona –, o preço a ser pago é o da insegurança. Como afirma Bauman (1998) se os mal-estares da modernidade provinham de uma espécie de segurança que tolerava uma liberdade pequena demais na busca da felicidade individual, os da pós-modernidade provêm de uma espécie de liberdade de procura do prazer que tolera uma segurança individual pequena demais.
Na contemporaneidade é o outro que vai ter que me dizer aquilo que eu sou constantemente. Na ausência de um referencial “terceiro”, verticalizado, portador de um código coletivo, o qual seria capaz de afiançar um estofo narrativo interno, o sujeito só poderá se reconhecer na exterioridade de uma imagem refletida no olhar do outro, tal como parece atestar a clínica da Fobia Social. O espaço público tornou-se, pelas características já apontadas, um espaço pouco confiável, que exige exibicionismo de pessoas pouco afeitas a tal comportamento. É também um ambiente implacável com aqueles que resistem a transpor os limites de sua intimidade. O envergonhado sente-se vulnerável, desprezível, desarmado: um alvo perfeito para os sadismos alheios (Green, 2003, p. 1647). Em um mundo que valoriza cada vez mais a superexposição da intimidade no espaço público, a vergonha, a inibição e a timidez passam a ser um obstáculo permanente ao sucesso individual, alcançando um status inédito de patologia.
Fobia social não é uma categoria psicanalítica, deve-se à psiquiatria a sua designação. É provável que a primeira aparição do termo (Pelissolo e Lepine 1995, p. 18) tenha sido em Pierre Janet (1903) que descreveu pacientes cuja principal característica seria a dificuldade “de agir em público”. Outras duas raízes conceituais da fobia social são descrições mais próximas da aspiração atual da psiquiatria de basear sua nosologia em manifestações somáticas e comportamentais. Em meados do século XIX, Casper (cf. Pelissolo e Lepine, op.cit.) descreveu um caso clínico de um jovem cuja vida girava em torno do receio de enrubescer em público (eritrofobia – eritros/sangue) e, em função disto, adquirir uma avaliação desfavorável. A extrema angústia ganhava contornos de ideação obsessiva e produzia medidas defensivas, em especial a evitação de situações sociais nas quais variáveis relativas à presença do outro não pudessem ser previstas e controladas.
Algumas décadas depois o psiquiatra Hartenberg (1901) definiu o sujeito com temperamento tímido como aquele no qual há uma combinação peculiar entre medo e vergonha, combinação que o tornaria vulnerável em situações nas quais se sente observado. O autor ressalta que as manifestações fisiológicas das referidas emoções seriam fundamentais para a construção deste tipo de temperamento. A combinação entre medo e vergonha – vergonha do medo, ou medo da vergonha – produziria as principais características do sujeito tímido, a saber: querer passar despercebido em situações sociais, sentir-se pouco confiante diante de um outro menos familiar, esconder-se com freqüência, apresentar crises de ansiedade quando não consegue evitar situações de exposição, entre outras.
Na atualidade, conforme a última classificação da APA, a DSM IV-TR (APA, 2002), são ressaltados critérios para a realização do diagnóstico de fobia social, em grande consonância com os que acabamos de citar; dentre eles: medo de situações sociais ou de desempenho; ansiedade provocada por se expor; evitação de se expor; clareza do sujeito quanto ao exagero e irracionalidade do medo; os sintomas não são causados por quaisquer outros tipos de transtornos (mentais, orgânicos e de dependência de substâncias). Fala-se, ainda em dois subtipos de gravidade, o generalizado, no qual a ansiedade ocorrerá na maioria das situações sociais, e o restrito, no qual o desconforto ocorrerá apenas em situações específicas.
Nesta descrição da psiquiatria, ganham destaque algumas figuras, tais como a vergonha, a inibição, a angústia, a timidez e o medo, figuras que embora não sejam entidades clínicas em si – no mesmo plano nosológico, por exemplo, que a histeria ou a neurose obsessiva -, encontram uma referência na trama conceitual da psicanálise, oferecendo-nos a oportunidade de compreender melhor as nuances dessas emoções, se assim podemos chama-las, e interrogar seu papel no mal-estar subjetivo contemporâneo.
De nosso ponto de vista, para proceder a uma pesquisa sobre o tema da fobia social, é importante levar em consideração três aspectos: a questão clínico-conceitual; a questão cultural e a questão epidemiológica. Comecemos pelo último aspecto. Um dos fatos que atraiu nossa atenção e nos levou a investigar este tema foi sua importância epidemiológica crescente a partir dos anos 1990. Este fenômeno, embora melhor aferido nos EUA, já vem sendo notado no Brasil, apesar de, até o presente momento, não termos dados estatísticos consolidados. Quando do surgimento da DSM III, em 1980, estimava-se que a prevalência da fobia social nos EUA fosse cerca 1,5 %. A partir da década de 90, surgiram estudos propondo que a prevalência no tempo de vida para fobia social seria de 13% (KESSLER et al, 1994). Após pequenas modificações no enunciado das definições nos manuais classificatórios posteriores ao DSM III (sobretudo a modificação de “compelling desire to avoid” para “marked distress” ao se expor a situações sociais), houve uma explosão de pessoas diagnosticadas como fóbicas sociais nos EUA, chegando a cifras que alçariam a fobia social a se tornar um dos transtornos mentais mais frequentemente encontrado. A importância epidemiológica crescente que o transtorno vem assumindo, a enorme atenção que o assunto vem recebendo da mídia, sem falar do investimento massivo da indústria farmacêutica e todos os outros fatores anteriormente mencionados colaboram para a categoria nosológica da fobia social constituir um verdadeiro problema contemporâneo e um grande desafio para o campo da saúde mental.
Embora o real alcance epidemiológico da fobia social seja um assunto ainda extremamente controverso, esses números impressionantes nos levaram a questionar se a cultura da contemporaneidade seria responsável pelo crescente aumento de sujeitos identificados a esse diagnóstico. Nossa hipótese é a de que o ambiente cultural atual, que favorece a superexposição de seus membros e torna negativo o valor da vergonha e da privacidade, contribuiu para que um quadro clínico como a fobia social tenha adquirido relativa estabilidade e popularização.
Sob o aspecto cultural, portanto, cabe destacar as modificações recentes no panorama da vergonha. Seguindo a mesma proposta exposta mais acima, acreditamos que essa mudança acompanha as manifestações subjetivas do homem contemporâneo descritas em uma vasta literatura, englobando estas e outras características propostas. Podemos citar como representativos os trabalhos de Bauman (1998, 1999, 2001), Sennett (2002, 2004), Giddens (1991), além de Ehrenberg (1998), o qual se encontra mais próximo do campo da psicanálise. Mais especificamente em relação à vergonha na contemporaneidade, pode-se dizer que há um triplo deslocamento (Verztman, J., 2005; Pinheiro, T., Verztman, J., Venturi, C., Barbosa, M., 2006) caracterizado por:
1 – reforço negativo sobre a vergonha no espaço público;
2 – separação entre vergonha e honra e
3 – solidariedade crescente entre vergonha e déficits ligados à performance individual.
Sobre o primeiro deslocamento é suficiente apontar para o estímulo à superexposição da intimidade seja na mídia, seja em outro instrumento que coloque o sujeito em contato com o espaço público. Esta exposição, valorizada positivamente, é por vezes definida como postura ativa, a qual auxilia o sujeito a conseguir empregos, fazer amizades ou galgar progressos na vida sexual ou amorosa. Neste quadro, como já foi dito, a vergonha ou a timidez se tornam as principais vilãs do sucesso.
Quanto ao segundo deslocamento, verifica-se que uma vez suscitada, a vergonha não tece mais o fio que costura a imagem da honra, não mais produz uma narrativa que leva aos antepassados ou aos descendentes, não coloca o sujeito em contato com os valores de sua comunidade. Novos rearranjos nos espaços público e privado, com poucas possibilidades de se construir sentidos públicos para assuntos privados, fazem com que o único valor a defender seja a imagem individual do presente.
Este desatamento entre honra e vergonha leva ao terceiro deslocamento: a vergonha desnuda a insuficiência potencial a que estão sujeitos os seres humanos na atualidade. A vergonha surge para o sujeito contemporâneo como uma emoção eminentemente individual, resultado do rompimento de uma imagem ideal que o sujeito projetou para si mesmo, sem que haja possibilidade de correlacionar esta lesão narcísica com qualquer processo coletivo. Déficits na capacidade de consumir, na atividade profissional, na performance sexual, na possibilidade de expandir laços sociais, entre outros acontecimentos correlatos, passam a ser os principais causadores da vergonha. Acreditamos ser relevante investigar se o surgimento e a popularização da fobia social apresentam relação com este panorama atual da vergonha.
Do ponto de vista clínico-conceitual, o interesse por este tema teve lugar a partir de uma pesquisa anterior intitulada “Patologias narcísicas e doenças auto-imunes”. Neste estudo foi possível notar uma forte presença da vergonha como emoção básica organizadora da vida subjetiva dos pacientes contemplados pela pesquisa. A questão da vergonha nos levou a expandir nosso estudo à fobia social, um transtorno que justamente tem essa emoção como eixo central. Os fóbicos sociais são aqueles que portam a vergonha, que têm na vergonha um atestado de existência e que não podem se colocar diante do olhar do outro sem que esta emoção se faça presente.
Embora o estudo da vergonha venha recebendo cada vez mais atenção da literatura psicanalítica (Tisseron 1992, Zygouris 1995, Green 2003, J.A. Miller 2003), trata-se de um tema ainda pouco explorado do ponto de vista teórico-clínico, o que, acreditamos, reforça a necessidade de uma pesquisa mais aprofundada como a que propomos realizar.
Na obra freudiana, a noção de vergonha está presente em diversos textos (Canosa, 2004), todavia, ao contrário do que ocorre com a culpa, não é possível circunscrevê-la em um conceito. Em geral, aparece ligada à ação das forças do recalque e primariamente ligada à sexualidade. Além dessa forma de vergonha privilegiada por Freud, existiria uma outra, resultante de uma violência imposta ao narcisismo, fazendo com que o sujeito fosse por ela atingido em toda a sua unidade. Este tipo de vergonha é especialmente penoso em função da ameaça de desintegração narcísica e da impotência, evidenciada pela inibição da ação. É esta vertente marcadamente narcísica da vergonha, desenvolvida por autores pós-freudianos (Tisseron, S. 1992, p. 13), que propomos correlacionar com a fobia social.
Um último aspecto a ser ressaltado nesta vertente é o fato de que, na literatura psiquiátrica (Lane, 2007), o indivíduo que habitualmente era descrito como tímido passou a ser tratado, cada vez mais, como fóbico, indicando uma forte tendência no sentido de patologizar a timidez. Inclusive, de acordo com Nardi (2000) um dos sinônimos para fobia social é, justamente, timidez patológica. A este respeito nos indagamos se em uma direção contrária à da psiquiatria atual, a timidez não poderia ser compreendida como uma posição subjetiva legitima. Em caso positivo, seria possível trabalhar esta figura dentro da perspectiva psicanalítica, com vistas a criar uma chave de leitura no que concerne a sintomatologia do que designamos como mal-estar contemporâneo.
A psicopatologia psiquiátrica atual reconhece a timidez como um efeito da fobia social, considerando o tímido um fóbico com um objeto específico: o mundo social. Um recente estudo psicanalítico, contudo, insiste na importância de desarticular timidez e fobia. Para Patrick Avrane (2007), “o fóbico é aquele que tem medo de olhar, o tímido, de ser visto. O primeiro teme a presença de um objeto, o segundo é ele mesmo o objeto de seu temor” (Avrane, op.cit, p. 32). Embora a timidez não deva ser considerada uma entidade clínica em si, Avrane (2007) reserva um lugar particular ao tímido. De acordo com este autor, ao invés de definirmos a timidez pelo viés fenomênico da inibição, melhor seria pensá-la como uma forma especial de angústia ligada ao laço social. Em “Inibição sintoma e angústia” (1926) Freud utiliza o termo inibição para indicar uma limitação funcional do eu imposta como medida de precaução ou como resultado de um empobrecimento de energia. Para não entrar em conflito com as demais instâncias e, tal como ocorre na formação do sintoma, empreender um trabalho psíquico a fim de encontrar uma saída, uma formação de compromisso, o Eu renuncia a certas funções. A inibição ocorre, então, como uma medida de precaução, um anteparo contra a angústia, por meio de uma renúncia, dispensando o trabalho de um (novo) recalcamento. O pequeno Hans, por exemplo, ao substituir o medo do pai pelo medo do cavalo, produziu a inibição de sair (impôs uma limitação ao seu eu) para não se encontrar com o objeto fóbico e, assim, evitar a angústia de castração. No segundo caso, chamado por Freud de inibição generalizada, o ego perde muita energia envolvido em uma tarefa psíquica particularmente difícil, como o luto, por exemplo, e se vê obrigado a economizar o investimento em outros pontos. Para Avrane, contudo, o tímido, embora possa manifestar uma inibição comportamental, não apresenta qualquer inibição egóica. Ao contrário, seu Eu está em plena atividade pois, diferentemente do melancólico, o tímido não padece de desejo. O enigma para o tímido reside no embaraço que experimenta ao reconhecer seu próprio desejo e na forma de manifestá-lo. Ele aspira se colocar em evidência, ser visto, admirado, mas o olhar judicativo que ele empresta ao mundo que o cerca o coloca incessantemente diante do medo e do horror. Em que pese estas considerações em relação à inibição, é preciso ter presente que, no texto de 1926, a discussão sobre o tema é bastante complexa, merecendo que se proceda a uma reflexão crítica no desenvolvimento da nossa investigação.
Ainda de acordo com este autor há um aspecto comum a esses sujeitos tímidos: a idéia de transparência (op.cit. p. 92). O envergonhado comum, mesmo temendo ser descoberto, ainda acredita que sua falta possa ser escondida. O tímido, por sua vez, age como se todos estivessem informados do erro cometido. O que caracteriza o tímido é justamente esta angústia antecipatória e não necessariamente a vergonha por um ato consumado. A constante alternância entre ocultar-se e revelar-se indica duas faces da timidez: a do exibicionismo e do voyeurismo, demonstrando a importância do olhar para os tímidos.
A palavra tímido ou timidez não figura no índice onomástico das traduções inglesa e francesa das obras de Freud (Avrane, 2007: 11) e, mesmo em autores pós-freudianos, o tema foi apenas marginalmente trabalhado por analistas que trataram de crianças, sobretudo Klein e Winnicott, mas acreditamos que abordar, pelo viés psicanalítico, os principais fenômenos clínicos presentes na descrição da fobia social, é fundamental para pensarmos o desenvolvimento de novas tecnologias sociais na assistência a saúde mental.
Feita esta breve revisão, cabe retornar ao que nos levou a propor esta pesquisa. A fobia social vem representando um verdadeiro desafio para os profissionais da saúde mental, pois, ao mesmo tempo em que envolve um nível de sofrimento importante, na maior parte das vezes altamente incapacitante, a maioria dos sujeitos não procura atendimento em decorrência das dificuldades impostas pelo próprio quadro clínico. Em nosso estudo, e na discussão com nossos pares no IPUB, temos observado uma grande dificuldade em relação ao atendimento desses pacientes. Faltas são muito comuns, bem como recusa de travar contato telefônico com o profissional, dificuldade de ir sozinho às consultas (muitos vão apenas acompanhados por algum familiar ou são, literalmente, levados pela mão por seus médicos). Por esses motivos, a fobia social é considerada um problema silencioso que necessita de um acolhimento especializado. No Brasil, ainda não há um projeto de assistência específico no campo público, como política do Ministério da Saúde, voltado para este transtorno que concebemos como emblemático do mal-estar contemporâneo. Além disso, as propostas terapêuticas atualmente disponíveis são a medicalização e/ou a terapia cognitivo comportamental. Um levantamento bibliográfico feito na base Scielo entre 1999 e 2010, por exemplo, mostrou somente trinta e cinco trabalhos sobre fobia social publicados no Brasil. Dentre esses trabalhos, apenas um pertence ao campo das chamadas psicoterapias psicodinâmicas (Knijnik et al, 2004). Dada a escassez de trabalhos encontrados, principalmente no campo da psicanálise, consideramos que uma investigação sobre esse tema pode contribuir para uma melhor compreensão do mal-estar contemporâneo e, consequentemente, indicar tecnologias de assistência alternativas às atualmente vigentes.
De nosso ponto de vista, o serviço universitário de pesquisa da UFRJ se apresenta como um local especial de oferta desse cuidado, pois o IPUB é um serviço de psiquiatria hospitalar universitário de nível terciário, ou seja, não regionalizado, que habitualmente recebe casos graves. O IPUB é, portanto, um centro de referência privilegiado para receber esses pacientes que muitas vezes só chegam aos serviços por problemas associados já cronificados. Estatísticas mostram que o transtorno tem início na adolescência e que, se não tratado, precede outros transtornos, em especial alcoolismo e depressão, havendo também um alto risco de suicídio associado à doença.
2) Objetivos
a) objetivo geral
– Investigar, através do referencial psicanalítico, as formas emblemáticas do mal estar do sujeito contemporâneo, visando oferecer ao campo da Saúde Mental dispositivos alternativos de assistência, notadamente aos sujeitos diagnosticados como fóbicos sociais.
b) objetivos específicos
– Distinguir inibição e angústia no mal-estar contemporâneo, a partir da perspectiva psicanalítica;
– Investigar as relações entre a timidez como posição subjetiva e a vergonha como uma emoção avaliativa de si;
– Avaliar a relação existente entre o transtorno da fobia social e as incidências traumáticas que atingem a constituição narcísica;
– Investigar o papel do olhar na dinâmica pulsional do sujeito tímido;
– Investigar a partir do atendimento de sujeitos diagnosticados com fobia social, ferramentas clínicas, dentro do referencial psicanalítico, que possam servir aos dispositivos assistenciais na Saúde Mental Pública.
3) Metodologia
A metodologia escolhida foi o Estudo de Caso, metodologia que se insere no campo das Pesquisas Qualitativas e que nos parece mais apropriada para uma pesquisa clínica em psicanálise. Nas ciências humanas (Yin, 2005), o “estudo de caso” é a estratégia escolhida ao se examinar eventos contemporâneos, implicando na observação direta dos acontecimentos que estão sendo estudados. Dentre algumas características da pesquisa qualitativa (Turato 2003, Fossey et als 2002, Malterud 2001e Whitley et Crawford 2005) pode-se listar: é de caráter naturalística; visa observar e interpretar fenômenos e experiências; o processo de pesquisa é mais valorizado que o produto final; a validade é um dos critérios mais relevantes na pesquisa, em oposição à confiabilidade (reprodutibilidade); a conclusão da pesquisa visa à revisão de pressupostos e o aprofundamento das questões em detrimento da busca de leis gerais.
Segundo Creswell (2007, p.73), na metodologia estudo de caso “o investigador explora um sistema limitado (um caso) ou múltiplos sistemas limitados (casos) por um determinado tempo, através de coleta de dados detalhada e aprofundada, envolvendo múltiplas fontes de informação (ex., observações, entrevistas, material audiovisual, documentos e relatórios), e apresenta uma descrição do caso e temas baseados no caso”.
Seguindo esta definição, a metodologia por nós utilizada será o estudo de casos múltiplos do tipo exploratório. Nosso objeto de estudo será a experiência e o discurso dos pacientes com diagnóstico de fobia social expressos no contexto de atendimento psicanalítico individual e analisados a partir de quatro categorias: vergonha, culpa, angústia antecipatória e transparência tímida. Estas categorias foram previamente determinadas com base em uma primeira revisão bibliográfica realizada em torno das temáticas sobre a culpa, a vergonha e a timidez e no material oriundo de atendimentos anteriormente realizados por nossa equipe de pesquisa que, desde 2009, com aprovação do comitê de ética, vem recebendo pacientes com fobia social para atendimento psicanalítico individual.
Os pacientes serão encaminhados pelos diversos serviços de ambulatório do IPUB-UFRJ e da triagem da Divisão de Psicologia Aplicada (DPA); futuramente a equipe se dispõe a ampliar o atendimento para outros hospitais da rede. Após uma entrevista de triagem realizada conjuntamente pelos coordenadores do NEPECC, Prof. Dr. Julio Verztman e Prof. Dr. Regina Herzog (a proponente deste projeto) serão encaminhados para outro terapeuta do nosso grupo para início de tratamento. O grupo conta com orientandos de pós-graduação (Mestrado e Doutorado) do Programa de Pós-graduação em Teoria Psicanalítica; alunos da residência médica em psiquiatria do IPUB/UFRJ; alunos do curso de Graduação do Instituto de Psicologia matriculados na disciplina de Estágio na DPA; pesquisadores doutores de outras IES. Neste primeiro encontro os pesquisadores informam aos possíveis clientes sobre as características e condições do tratamento oferecido e lhes entregam um termo de consentimento para a participação na pesquisa. A freqüência de sessões, bem como o tempo das mesmas, será determinada caso a caso, de acordo com a apreciação do terapeuta e do grupo de pesquisa sobre os clientes. Estabelecemos um prazo inicial de dois anos para duração do tratamento, este tempo podendo se estender de acordo com a disponibilidade do terapeuta e a indicação clínica. Pretendemos receber dez pacientes até o final de 2010.
As entrevistas e os atendimentos serão registrados nos prontuários individuais de cada cliente e arquivados na sala da pesquisa, à qual apenas a equipe tem acesso, para facilitar o manuseio do material e avaliação comparativa dos casos. A equipe se reunirá semanalmente visando ao aprofundamento do conhecimento teórico de nosso objeto e a discussão dos casos em andamento. O teor dos encontros é a livre discussão clínica sobre os aspectos pregnantes em cada tratamento, bem como a comparação entre eles e nossas hipóteses.
4) Resultados pretendidos
Classificaremos os resultados pretendidos segundo dois indicadores, cabendo a ressalva de que a avaliação destes indicadores, conforme apresentado na metodologia é de caráter qualitativo, estando remetida às falas dos pacientes nos atendimentos e à interpretação por parte da equipe:
a) indicadores tecnológicos que se caracterizam como produtos. No caso do presente projeto, vamos designar como tal o produto dos atendimentos realizados. Neste âmbito, pretendemos atender, no primeiro ano, a até 10 pacientes que serão distribuídos entre os residentes do IPUB, os alunos de pós-graduação do Programa de Pós-graduação em Teoria Psicanalítica, os pesquisadores de outras IES (UFF, IMS/UERJ) que participam da pesquisa, bem como os estagiários da DPA. No segundo ano, pretendemos ampliar este número, o que vai depender da disponibilidade dos profissionais e do desenvolvimento da investigação.
– número de pacientes atendidos;
– diminuição do retraimento social dos pacientes atendidos;
– alargamento da capacidade de integração em atividades sociais reconhecidas tais como vínculos sociais, escolares e/ou laborativos;
– formação e capacitação de profissionais da área de saúde mental para o atendimendo clínico;
– aumento da capacidade dos pacientes atendidos para lidar com as vicissitudes de seu mal-estar.
b) indicadores científicos que são representados por publicações e apresentações, bem como o resultado de capacitação de recursos humanos no meio acadêmico. Neste âmbito propomos:
– publicação de pelo menos 3 artigos a serem submetidos em revistas especializadas;
– publicação de coletânea com resultados da pesquisa;
– participação em 2 congressos na área de saúde mental com apresentação de mesa redonda incluindo o bolsista do PRODOC e outros participantes da pesquisa;
– elaboração de trabalhos de Iniciação Científica a serem apresentados em Jornadas de Iniciação Científica pelos alunos de Graduação;
– elaboração de trabalho de Monografia dos alunos de Graduação que participam da pesquisa;
– elaboração de trabalho de conclusão de Mestrado e Doutorado com temas afins às questões trabalhadas na investigação;
– divulgação dos trabalhos no site do NEPECC – www.psicologia.ufrj.br/nepecc
5) Considerações finais
A pesquisa se propõe receber para atendimento psicanalítico pacientes que foram diagnosticados por seus psiquiatras como fóbicos sociais. Além dos pacientes que chegam através do IPUB, também vamos receber os que chegam à DPA (e futuramente de outros serviços da rede hospitalar) seja por intermédio dos seus psiquiatras ou que apresentem o perfil descrito pela equipe de pesquisa. Pretendemos, assim, abordar uma questão do campo da Saúde Mental que ainda não está devidamente situada pela psicanálise. Como já foi explicitado, o diagnóstico propriamente dito, não constitui nosso foco central. Funciona antes como um filtro que nos permite entrar em contato com determinadas situações clínicas que julgamos particularmente pertinentes ao sujeito contemporâneo, como a experiência da vergonha como índice de identidade. Quando o sujeito é remetido a uma impotência radical e assume a vergonha como traço identitário, sofre efeitos que se assemelham aos do trauma, tal como concebido por Winnicott ou Ferenczi, isto é, como um grave fracasso na relação de confiança e dependência com o ambiente. O desaparecimento é, de fato, a única vontade condizente com um narcisismo tão duramente golpeado. Caberá à clínica confirmar ou não esta hipótese.
Embora o inchaço estatístico da fobia social possa ser considerado estratégia da indústria farmacêutica (cf. Cottle, 1999) a criação desta categoria clínica aponta para um tipo de mal-estar ao qual devemos estar atentos. A psiquiatria apenas reconhece um apelo e dá um destino a ele, destino que tem rumado na direção da dessubjetivação. Acreditamos que a psicanálise tem algo a oferecer na abordagem dessa questão. A partir de dados que já obtivemos da análise de atendimentos clínicos realizados anteriormente, pode-se dizer que a patologização do “sujeito tímido” se impõe como um importante sintoma da contemporaneidade. O estudo da fobia social e da timidez patológica, desse modo, se apresenta como uma contribuição de grande relevância para a psicanálise na elaboração de dispositivos de cuidado em Saúde Mental com vistas a acolher este sujeito que, como já foi dito, muitas vezes não busca tratamento.
Nossa proposta visa uma dimensão coletiva para os dispositivos clínicos e de pesquisa, a clínica de pesquisa, principalmente na universidade, dimensão esta que ocorre igualmente em outros contextos onde a psicanálise se faz presente como, no nosso caso, no campo da saúde mental. A realização de estudos de casos múltiplos comparativos, por equipes de pesquisa com esta característica, pode ser uma saída profícua para novas investigações em nosso campo.
6) Referências Bibliográficas
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• Canosa, L. “Levantamento sobre a noção de vergonha na obra de Freud”, apresentado no II Simpósio “Patologias Narcísicas e o Mundo Contemporâneo”. Itatiaia, maio de 2004.
• Cottle, M. Selling Shyness, The New Republic, august, 1999.
• Creswell, J.W. Qualitative Inquiry and research design. London, Sage, 2007.
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• ________. (1917) Duelo y melancolia. In: Obras Completas. Buenos Aires: Amorrortu, 1993; 241-256.
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• Zygouris, R. A vergonha de si. In: Ah! As belas lições! São Paulo, Escuta, 1995.
B) Relatório Parcial de Cumprimento do Objeto
Nome do Beneficiário: Regina Herzog de Oliveira
Período do Relatório: 01/09/2010 a 31/12/2011
Auxílio no. 2639/2010
Instituição Vinculada: Programa de Pós-graduação em Teoria Psicanalítica – Instituto de Psicologia/UFRJ
I – Resultados Alcançados
1.1 – Descrição dos resultados
Um dos mais importantes objetivos deste projeto foi o de investigar que recursos teórico-clínicos podem auxiliar na solução dos impasses e desafios que a sintomatologia clínica contemporânea coloca para o nosso trabalho. Acrescente-se a este objetivo outros aspectos fundamentais para a Instituição que esta pesquisa traz, a saber:
1 – aumento de projetos e trabalhos de conclusão (monografia, dissertações e teses) neste novo eixo de investigação;
2 – incremento da produção intelectual que constituirá uma referência para o estudo deste tema;
3 – formação de pessoal docente e tecnicamente qualificado para a extensão, podendo, portanto, atuar como agentes multiplicadores no delineamento deste novo eixo de pesquisa;
4 – produção de fundamentação teórica dentro do referencial psicanalítico que possa lançar luz para a assistência dos casos em questão.
Abaixo relação e descrição das atividades programadas que tiveram seus objetivos contemplados no período (setembro/outubro de 2010 a dezembro de 2011).
(1) Investigação teórica a partir de revisão bibliográfica
(2) Divulgação da pesquisa com vistas à recepção e triagem dos sujeitos da pesquisa
(3) Atendimento dos sujeitos triados
(4) Reuniões semanais com a equipe para discussão conceitual
(5) Reuniões semanais com a equipe para supervisão e discussão clínica
(6) Participação em atividades docentes do Programa de Pós-graduação em Teoria Psicanalítica
(7) Apresentação de trabalhos em Congressos e Colóquios
(8) Organização de Encontro com profissionais externos à equipe de pesquisa
(9) Publicação de artigo em revista especializada.
Durante este período todos os objetivos foram contemplados. Com relação à investigação teórica (1) foi iniciado um levantamento bibliográfico sobre os fenômenos clínicos presentes na expressão sintomatológica da fobia social: angústia, inibição, timidez e vergonha, dentro do referencial psicanalítico. Esta revisão teve como objetivo buscar distinguir com mais precisão inibição de angústia e timidez de vergonha. Além disso também teve como finalidade buscar estabelecer as formas emblemáticas do mal estar do sujeito contemporâneo, objetivo geral do presente projeto de pesquisa, bem como avaliar o papel das incidências traumáticas que atingem a constituição narcísica nesses transtornos. Com relação aos dispositivos assistenciais na Saúde Mental Pública, outro objetivo deste projeto, teve início uma discussão conceitual para o desenvolvimento de ferramentas clínicas e conceituais que sirvam aos dispositivos assistenciais na saúde mental.
Para tanto foi contatada a Divisão de Psicologia Aplicada (DPA) do Instituto de Psicologia/UFRJ, bem como o Ambulatório do IPUB no sentido de divulgar a pesquisa e incentivar o encaminhamento, recepção e triagem dos sujeitos da pesquisa. (2) Esta divulgação foi feita através da apresentação do projeto aos profissionais destes setores, traçando o perfil dos sujeitos a serem encaminhados. O cartaz elaborado com os seguintes dizeres foram fixados no IPUB e no Instituto de Psicologia/UFRJ: O Núcleo de Estudos em Psicanálise e Clínica da Contemporaneidade (NEPECC) da UFRJ oferece atendimento psicanalítico gratuito, numa pesquisa clínica, para pessoas com quadro de fobia social. Realizamos uma entrevista inicial para avaliação diagnóstica. As pessoas com as seguintes características podem entrar em contato conosco: timidez excessiva, vergonha, medo do julgamento dos outros, ansiedade em participar de atividades sociais (falar em público, fazer amizades, reuniões de trabalho).Se você conhece alguém com este perfil, entre em contato pelo email: atendimentopesquisa@yahoo.com.br.
Esta medida possibilitou que ao longo deste período, (3) fosse recebido para entrevista um número significativo de pacientes que foram sendo encaminhados ao longo desse período. Dado que a pesquisa conta também com vários profissionais e estudantes de graduação e pós-graduação, foi possível dar início ao tratamento de 11 sujeitos triados.
Estas duas atividades (investigação teórica e divulgação da pesquisa com conseqüente triagem) geraram, por sua vez, a necessidade de estabelecer reuniões semanais para discussão teórica, clínica e supervisão tal como projetado no cronograma de atividades. (4) e (5) A reunião teórica foi realizada através de Seminários ministrados na Pós-graduação para os membros da equipe, incluindo-se aí os alunos de Iniciação Científica, e alunos que foram orientados em suas Monografias e que fazem parte do projeto da coordenadora bem como os mestrandos e doutorandos do Programa. Já as reuniões clínicas ficaram restritas aos membros da equipe.
Neste sentido nossa meta no primeiro ano foi alcançada e os 11 pacientes atendidos para tratamento foram distribuídos entre a bolsista PRODOC, os residentes do IPUB, os alunos de pós-graduação do Programa de Pós-graduação em Teoria Psicanalítica, os pesquisadores de outras IES (UFF, IMS/UERJ) que participam da pesquisa, bem como os estagiários da DPA.
Ao longo deste período a equipe se reuniu uma vez por semana para a discussão dos casos e estudo dos temas colocados em evidência nos atendimentos. Deste modo foi possível, a partir da discussão clínica destes temas, compará-los com as nossas hipóteses. Além de nossas discussões internas, organizamos, tal como previsto em nosso projeto inicial, um encontro com profissionais externos à pesquisa com o objetivo de discutir nossos resultados até o momento. Neste encontro, privilegiamos o material clínico apresentado e as hipóteses conceituais dali extraídas em articulação com a literatura já trabalhada sobre o tema.
Como já explicitamos nosso objeto de estudo é a experiência e o discurso dos pacientes com diagnóstico de fobia social expressos no contexto de atendimento psicanalítico individual e analisados a partir de quatro categorias: vergonha, culpa, angústia antecipatória e transparência tímida. Nos 11 sujeitos recebidos para tratamento (ao final do ano tínhamos 10 pacientes), algumas características foram recorrentes e indicam formas particulares de traumatismo. A título de descrição, apresentaremos uma delas: a experiência de transparência psíquica do sujeito tímido.
Considerando que não se trata de associar, numa relação causal, a realidade da história infantil dos pacientes com seu sofrimento psíquico atual, o que importa é que sobreposto ao trauma ocorrido na realidade externa, depende do sujeito o modo como ele se apodera ou não do fragmento de realidade para tecer sua trama fantasmática e nela se aprisionar. Os sujeitos que temos atendido apresentam em comum justamente uma dificuldade no trabalho de apropriação subjetiva das experiências que tecem a sua história.
No discurso desses pacientes, a figura materna é alçada a uma posição chave, a qual pode ser compreendida nos termos de uma oposição entre carência e excesso.
A relação objetal que não possibilita o reconhecimento da singularidade do infante, seja por excesso de presença ou por ausência, acaba por desmentir o próprio sujeito, impedindo-o de criar um sentido singular para suas fantasias e sua existência. O direito ao segredo, ressaltado por Aulagnier (1990) é, afinal, uma conquista do Eu – justamente em sua possibilidade de oposição ao desejo materno. A liberdade para pensar secretamente, quando se apresenta como atividade autorizada, tornar-se-á fonte de prazer na vida psíquica precoce do sujeito que, em um segundo tempo, pode atribuir a algumas de suas construções ideacionais o estatuto de fantasia. Essa é uma dificuldade particular dos sujeitos atendidos em nossa pesquisa clínica, o que nos conduz à questão da transparência psíquica.
É importante notar que a aspiração à transparência nesses casos não se relaciona com a emergência da angústia ou significa qualquer tipo de ameaça, ela é antes um apelo ao reconhecimento do outro, expressa a esperança de vir a ser percebido como sujeito.
Entre os tímidos (esta é a maneira como esses pacientes com diagnóstico de fobia social têm se auto-denominado) também percebemos um desejo de transparência e um ideal de transparência, construídos em relações com adultos privilegiados, nas quais a barreira do olhar estaria esmaecida. Ao contrário dos melancólicos, todavia, os tímidos foram alvo de uma promessa: se estes adultos pudessem ver através deles, algo que ninguém mais poderia ver, a segurança deste olhar privilegiado os protegeria dos perigos do olhar externo, sempre ameaçador. O investimento desejante do outro tem no ideal de transparência sua forma mais acabada de perfeição narcísica.
A vivência de transparência psíquica na relação com a mãe aparece com frequência na reconstrução do passado infantil dos pacientes da pesquisa. Uma jovem paciente relata a satisfação intensa decorrente da relação de intimidade absoluta que estabelece com a mãe. Sua mãe sabe tudo ao seu respeito, e ela não consegue guardar qualquer segredo da mãe. É importante lembrar que se, por um lado, a criança pode sentir-se gratificada com a experiência do amor materno fusional, por outro, vive o empreendimento materno com ódio, como se ela pudesse tomar posse de seu corpo e alma, experiência de uma recusa radical de sua própria existência. Desse modo, mesmo que esta paciente não reconheça em palavras a presença sufocante da mãe, seu corpo responde de forma não-simbólica a essa vivência de invasão com atos compulsivos de arrancamento de sobrancelhas e cílios.
Outro paciente relata ao analista o caráter mortífero do fantasma primitivo do amor materno fusional. É um rapaz que tem a vivência persecutória de que sua mãe o conhece por inteiro, como se ela pudesse vê-lo de um ponto de vista privilegiado. Sua fantasia recorrente da infância era de que ela podia observá-lo enquanto ele estava na escola, vigiando-o do alto de uma colina, sentindo-se absolutamente transparente ao olhar onisciente da mãe. O sentimento de transparência se estende para todas as relações que estabelece, como se o olhar do outro pudesse atravessá-lo a todo momento e denunciar suas falhas e imperfeições.
A literatura psicanalítica atual evoca com frequência o fato da clínica contemporânea se ver cada vez mais confrontada com configurações subjetivas refratárias ao dispositivo psicanalítico clássico. Trata-se dos quadros clínicos denominados de forma genérica “subjetividades contemporâneas” ou “pacientes difíceis” – denominação pouco específica que engloba uma grande variedade de configurações clínicas.
O sentimento de vergonha de si comparece, no tratamento com estes pacientes, como sofrimento privilegiado, muito embora tal sofrimento apareça no discurso de forma pouco matizada, sem colorido afetivo variado, impossibilitando, de início, qualquer articulação com outros elementos ou conteúdos psíquicos. A vergonha de si, remetida a uma autopercepção profundamente desvalorizada, parece estar fixada em uma “dimensão de superfície”, isto é, sentida como uma evidência indiscutível, “cuja concretude não metaforizada impossibilita qualquer encobrimento”. Nessas condições, a fala não se abre para novas representações e dificilmente remonta a lembranças ou vivências do passado.
Os dispositivos clínicos clássicos, calcados no convite para que o paciente reconheça e assuma o papel que certamente desempenha em suas mazelas, não produzem o efeito esperado. O desafio que tais pacientes nos lançam é o de encontrar meios de acessar a mensagem aparentemente vazia de seu discurso e ajudá-los no processo de apropriação subjetiva das experiências de sofrimento, muitas vezes corporal, que tecem a sua história, inserindo-as em um contexto narrativo.
2 – Comentários adicionais: (publicações, teses, dissertações, artigos científicos, citações congressos, patentes, outros): atividades realizadas no período
a) Congressos: participação no 7° Congresso Norte e Nordeste de Psicologia – CONPSI realizado de 11 a 14 de maio de 2011 no Centro de Convenções da Bahia, Salvador:
. Mesa Redonda – Regina Herzog – Freud e a interpretação da cultura na Mesa “Freud e a experiência moderna”
. Mesa Redonda – Regina Herzog & Fernanda Canavêz de Magalhães. Considerações sobre o trauma nos discursos psicanalítico e psiquiátrico na Mesa “O que pode um analista hoje? Considerações sobre a clínica contemporânea”
. Mesa Redonda – Regina Herzog & Ana Bárbara de Toledo Andrade. Lidar com: um destino para a contratransferência na Mesa “O que pode um analista hoje? Considerações sobre a clínica contemporânea”
. Mesa Redonda – Regina Herzog & Ricardo Salztrager. Os discursos não metaforizados: singularização e alienação na clínica psicanalítica na Mesa “Linguagem e discurso na teoria e na clínica psicanalítica”.
. Comunicação Científica – Regina Herzog & Ana Bárbara de Toledo Andrade. Consonância e dissonância na experiência psicanalítica
. Mesa Redonda – Fernanda Pacheco Ferreira & Julio Vertzman. A timidez entre a vergonha e a angústia: discussão a partir de uma pesquisa clínica na Mesa “Linguagem e discurso na teoria e na clínica psicanalítica”.
b) Conferência:
. ‘Fobia: da culpa à vergonha”, Instituto Cultural Freud, Rio de Janeiro, maio 2011.
. Trauma e suas vicissitudes – Palestra em I Colóquio de Psicologia do Pólo Universitário Campos dos Goytacazes – Práticas em Psicologia: Trabalho e Sociedade, no dia 23 de agosto de 2011– Campos – UFF – Departamento de Psicologia.
c) Curso de curta duração:
. Deslocamentos do afeto na atualidade: culpa, vergonha, fobias – Instituto Cultural Freud – setembro/outubro 2011. Rio de Janeiro
d) Organização de Evento:
. V Encontro do Núcleo de Estudos em Psicanálise e Clínica Contemporânea (NEPECC) – org – Regina Herzog, Julio Vertzman, Teresa Pinheiro, Fernanda Pacheco Ferreira – 8 e 9 de julho de 2011 – Casa da Fonte – Laranjeiras – Rio de Janeiro
e) Publicações:
. PACHECO-FERREIRA, Fernanda. Algumas questões sobre a angústia e sua relação com a vergonha. In: Verztman, J., Herzog, R., Pinheiro, T. e Pacheco-Ferreira, F. (orgs) Sofrimentos narcísicos – no prelo – Rio de Janeiro: Cia. de Freud.
. PACHECO-FERREIRA, F.; HERZOG, R.; VERZTMAN, J e TOLEDO, B. La transparence psychique et ses rapports avec le traumatisme precoce. Aceitação em 2011 de trabalho a ser publicado em 2012 na coletânea do Colóquio Internacional do CRPMS, “Sujet, Subjectivités et Pratiques de corps dans le monde contemporain”, Université Paris Diderot.
. CANAVEZ, F. & HERZOG. R. Entre a psicanálise e a psiquiatria: a medicalização do trauma na contemporaneidade – Tempo Psicanalítico, junho 2011, vol. 43 fascículo 1 ISSN 0101-4838
. ANTONELLO, D. & HERZOG, R. A repetição e o Projeto de 1895: gérmen de um conceito – Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental – v. 14, n. 2, junho de 2011 – pp. 237-251, ISSN – 1415-4714
. ANDRADE, A. B. & HERZOG, R. Os afetos do analista em Freud –Psicologia Clínica PUC-Rio – 2011 – vol. 23 no.1 – ISSN 0103-5665
. HERZOG, R. Os limites da representação psíquica in Os limites da clínica – Clínica dos limites (org Marta Rezende Cardoso & Claudia Garcia) Garcia, C. & Cardoso, M.R (Org.) Limites da Clínica. Clínica dos Limites, Rio de Janeiro: Companhia de Freud/Faperj/2011. ISBN: 978-85-7724-091-3; pp 77-91
. HERZOG, R. & GONDAR, J. Materialismo e realidade: de Freud a Ferenczi in Lo Bianco, A. A materialidade da psicanálise Rio de Janeiro: Contra-Capa, ISBN 978-85-7740-109-3
. HERZOG, R, SALZTRAGER, R & SALES, J. L. A fobia social é uma fobia? In: Verztman, J., Herzog, R., Pinheiro, T. e Pacheco-Ferreira, F. (orgs) Sofrimentos narcísicos – no prelo – Rio de Janeiro: Cia. de Freud
. HERZOG, R., VERTZMAN, J., PACHECO-FERREIRA, F., PINHEIRO, T. (orgs.) Sofrimentos narcísicos – no prelo – Cia. de Freud
f) Defesas Dissertação de Mestrado:
. Ana Maria Guerrero, Dissertação de Mestrado: “O trauma sexual do estupro em um grupo de mulheres quéchuas”, Programa de pós-graduação em Teoria Psicanalítica, IP/UFRJ – 25/02/2011
. Diego Fricks Antonello – Dissertação de Mestrado: ‘A repetição e seus destinos”, Programa de pós-graduação em Teoria Psicanalítica, IP/UFRJ – 18/02/2011
g) Orientações em andamento
. Jôse Lane de Sales – Curso de Mestrado – ‘A imagem corporal no pensamento freudiano – 2011 previsão 02/2013
.Fernanda Canavêz de Magalhães – Curso de Doutorado (março 2008) – previsão 02/2012 – bolsa CAPES
Iná Susini Mariante – – Curso de Doutorado (agosto/2008) – previsão 07/2012 – bolsa CAPES
Renata Machado de Mello – Curso de Doutorado (agosto/2008) – previsão 07/2012 bolsa CAPES
Ana Bárbara de Toledo Andrade – – Curso de Doutorado (agosto/2009) – previsão 07/2013
h) Supervisão de Estágio DPA
Leonardo Cardoso Portela Câmara – março 2010 a dezembro 2011
Thais Klein De Angelis – março 2010 a outubro 2011
Marilia Loesch Gavilan – agosto 2010 a setembro 2011
Natalia Romanini – março 2011
Amanda de Oliveira Santos – agosto 2011
Isabel Cardoso Salles – agosto 2011
i) Iniciação Científica
Projeto: Psicanálise e saúde mental: dispositivos clínicos para responder ao mal estar contemporâneo.
. Thais Klein de Angelis, agosto/2009 a julho/2011 – PIBIC (Participação na Jornada de Iniciação Científica 2010 e 2011)
. Natalia Silva Romanini – agosto/2010 a julho/2011 – PIBIC (Participação na Jornada de Iniciação Científica 2011)
. Mariana Moreira Mello de Canale – agosto/2011 a julho/2012 – PIBIC
j) Orientação de Pesquisador
. Fernanda Pacheco Ferreira – A clínica psicanalítica e a fobia social
Bolsista PRODOC – outubro 2010 (24 meses)
l) Orientação de Monografia
. Camila César Maestá – ‘O luto e a melancolia na Psicanálise’ – maio de 2011
. Thais Klein de Angelis – ‘Algumas considerações sobre a metapsicologia da melancolia, sua clínica e vicissitudes’ – novembro de 2011
. Marilia Loesch Gavilan – ‘Algumas considerações sobre a sexualidade feminina na obra freudiana’ – setembro 2011
. Leonardo Cardoso Portela Câmara – em andamento