2014/1
As defesas obsessivas e seus diferentes destinos
Em continuidade com a discussão efetuada em 2013-1 sobre as transformações na clínica da neurose obsessiva, o presente seminário parte da hipótese de que as defesas obsessivas abrangem uma ampla gama de formas de organização psíquica. Neste sentido, pretendemos realizar um recenseamento destas organizações defensivas em diferentes modos de subjetivação. Daremos especial atenção às relações entre sofrimentos narcísicos e sintomas obsessivos. Supomos que os sintomas obsessivos podem fornecer um arcabouço capaz de conferir certa estabilidade a sujeitos com fragilidades narcísicas. Do mesmo modo, em outras formas de subjetivação não neuróticas, ou até mesmo na psicose, se pode lançar mão de defesas obsessivas a fim de conferir alguma amarração às problemáticas da morte e da origem. A fim de cumprirmos nosso objetivo, discutiremos trabalhos de autores pós-freudianos sobre o tema.
Bibliografia
DOR, J. Estruturas e clínica psicanalítica. Rio de Janeiro: Taurus-Timbre editores, 1991.
LACAN, J. (1960-1). Demanda e desejo nas fases oral e anal. In: O seminário, livro 8: a transferência. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1992.
COMARU, M. O desafio clínico na neurose obsessiva. In: ______. O desafio clínico-conceitual da neurose obsessiva: uma leitura sobre a regressão. Tese (doutorado em Teoria Psicanalítica) – Programa de Pós-Graduação em Teoria Psicanalítica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2002.
BOUVET, M. O ego na neurose obsessiva. Relação de objeto e mecanismos de defesa. In: BERLINCK, M. T. (Org.). Obsessiva neurose. São Paulo: Escuta, 2005.
FAIN, M. Teoria da técnica do tratamento psicanalítico da neurose obsessiva. In: BRUSSET, B.; COUVREUR, C. (Orgs.). A neurose obsessiva. São Paulo: Escuta, 2003.
2014/2
As compulsões na clínica contemporânea
A compulsão, figuração mais complexa do que Freud denominou de ritual de anulação, dá provas da presença da sexualidade, da pulsão e do conflito psíquico na esfera da ação, especialmente para o sujeito obsessivo. Contra-investimento para fazer face ao fracasso parcial do recalcamento, o sintoma compulsivo é indissociado do universo nocional que dará origem ao Édipo, num caminho trilhado por Freud a partir do caso do “Homem dos ratos”. No presente seminário, pretendemos estudar autores pós freudianos a fim de discutir uma hipótese, segundo a qual, o sintoma compulsivo na atualidade se esmaece em seu colorido conflitual e sexual para expressar fragilidades relacionadas à constituição narcísica.
Bibliografia
BARROS, R. R. Compulsões e obsessões: uma neurose de futuro. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2012.
GONDAR, J. Sobre as compulsões e o dispositivo psicanalítico. Ágora. Rio de Janeiro, v. 4, n. 2, dez. 2001.
VANIER, A. Névrose obsessionnelle, névrose idéale. Figures de la psychanalyse. Paris, v. 2, n. 5, p. 85-92, 2005.
KUPERMANN, D.; SOUZA, R. Ironia, transgressão e tragicidade na neurose obsessiva. Cadernos de psicanálise – SPCRJ. Rio de Janeiro, v. 24, n. 27, p. 51-77, 2009.
CASTEL, P.-H. “Ces rats qui nos sortent des yeux comme si nous habitions des tombeaux…”. In: La Fin des coupables, suivi de Le Cas Paramord, vol. II: Obsessions et contrainte intérieure, de la psychanalyse aux neurosciences. Paris: Les Éditions d’Ithaque, 2012.
FERENCZI, S. (1913) O desenvolvimento do sentido de realidade e seus estágios. In: Psicanálise II. São Paulo: Martins Fontes, 1992, p. 39-53.
COSTA, J. F. Ferenczi e a clínica. Cadernos de Psicanálise (CPRJ), Rio de Janeiro, a. 10, n. 6, 1988, p. 42-52.
FERENCZI, S. (1933). Confusão de língua entre os adultos e a criança. In: Psicanálise IV. São Paulo: Martins Fontes, 1992, p. 97-106.
NAFFAH NETO, A. Contribuições winnicottianas à clínica da neurose obsessiva. Percurso, São Paulo, n. 41, 2008.
WINNICOTT, D. W. (1958) A psicanálise do sentimento de culpa. In: ______. O ambiente e os processos de maturação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990, p. 19-30.
WINNICOTT, D. W. (1963) O desenvolvimento da capacidade de se preocupar. In: ______. O ambiente e os processos de maturação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990, p. 70-8.
CASTEL, P.-H. Le cas Paramord. In: La Fin des coupables, suivi de Le Cas Paramord, vol. II: Obsessions et contrainte intérieure, de la psychanalyse aux neurosciences. Paris: Les Éditions d’Ithaque, 2012.